Resenha do Blog Bla Bla Books

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* Trama:
* Narrativa:

Review

Mais uma publicação nacional resenhada aqui, Estigmas da Luz é a estréia de Liana Cupini no mundo editorial e primeiro volume da série Luz e Escuridão. O livro conta a história dos gêmeos Aurora e Tomas, bem diferentes entre si. Aurora puxou a genética indígena do pai enquanto Tomas tem os traços americanizados da mãe.

O livro já começa com ação, inserindo Aurora e Tomas no universo dos nefilins conforme eles ajudam os gêmeos a fugir da clínica onde estão sido mantidos contra a vontade. Apesar do que Tomas diz, Aurora se vê desconfiada e incapaz de se adaptar na ilha e logo uma série de informações são descobertas.

Há toda uma mitologia diferente sobre os nefilins, sobre o poder dos gêmeos, até então considerado uma doença e sobre a história do mundo em si. Embora sejam muitas informações compartilhadas simultaneamente, é possível compreender todas elas pois são apresentadas à Aurora e Tomas (e consequentemente ao leitor) no formato de aulas, afinal, essas informações são novas não apenas para nós, como para os personagens principais também.

A trama de Liana é complexa, cheia de reviravoltas, algumas das quais não me convenceram por completo pela rapidez com a qual aconteceram. A partir da metado do livro mais ou menos, mais informações são compartilhadas, deixando a história um pouco confusa e várias dúvidas no ar. Por se tratar de uma série nem todas as dúvidas são respondidas, deixando muita coisa pendente para os próximos livros responderem.

A narrativa é fácil de ler, com um vocabulário mais casual que faz o livro fluir sem se tornar maçante e mesmo quando aborda termos de história antiga ou outros assuntos mais específicos, há explicações para as citações que o leitor pode desconhecer, deixando a leitura agradável. Em algumas partes, porém, as ações acontecem tão rápido e mudam com tanta agilidade, que precisei ler alguns trechos mais vezes.

Os personagens são bem construídos em suas descrições, consegui visualizar a maioria deles tanto física quanto psicologicamente. Porém oscilações ocorreram na personalidade de Aurora que me fizeram ter raiva da personagem. A maior modificação de personalidade, porém, é a de Tomas do momento em que Aurora e Tomas se despedem no Brasil ao momento em que se reencontram novamente e colocam a conversa em dia. Senti falta de ter uma narrativa pelo ponto de vista de Tomas para saber o que motivou esse amadurecimento e quais segredos ele esconde de Aurora e espero que isso seja respondido no próximo livro.

Confesso que um dos motivos para a raiva que senti de Aurora é sua indefinição amorosa. Em um momento ela está agindo como adolescente moderna que toma o primeiro passo e no momento seguinte chorando copiosamente. Seus sentimentos por Gale e Yuki me parecem conflitantes e não bem resolvidos e espero que esse ponto seja mais trabalhado nos próximos livros, para definir a quem pertence de fato o coração de Aurora.

Uma das coisas que mais me cativou no livro foi a separação dos nefilins entre Vigilantes e Sentinelas e a forma como cada um dos grupos, ao contar a história dos nefilins, acusa o grupo oposto de estar agindo de forma errada. Essa modificação entre bem e mal dependendo do ponto de vista e da forma de criação e das crenças de cada grupo é maravilhosa, pois apesar de ser ficção, pode ser aplicada à diversos temas atuais em que há uma divisão de pensamento.

O livro é bom, tem uma trama que pode gerar conflitos interessantes e uma mitologia que deve ser abordada com maior amplitude, em especial as rixas entre Sentinelas e Vigilantes e as restrições genéticas dos nefilins, e a leitura é agradável, mas tem seus altos e baixos como qualquer romance de estréia que ainda assim não são o bastante para prejudicar a compreensão ou tirar o prazer da leitura.